A razão pela qual paramos de velejar pelo mundo
Se você não esteve acompanhando nossas últimas semanas deve estar se perguntando, o que aconteceu? Vocês não estão mais morando a bordo e velejando pelo mundo? E a resposta é NÃO, não estamos. Nós estávamos vivendo os melhores dias da nossa vida, vivendo uma vida livre e de cheia de paixão e amor. Tínhamos muitos desafios mas todos eles nos faziam nos sentir mais vivos e mais próximos um dos outros. Mas no meio de toda esta felicidade nós fomos pegos pela situação mais inesperada da nossas vidas. Nossa princesinha, nossa bebê não estava bem. Ela tinha tido alguns momentos doentinha mas haviam sido pontuais e todos tratados. Na verdade é não tínhamos ideia o que estava por vir.
Ela estava bem sensível no último mês, só queria meu colo o tempo todo e tinha umas febrinhas 37.8 esporadicamente. Enquanto o Juliano pensava que ela só quer mamãe é normal eu já estava ficando perturbada mentalmente. No final das contas levamos ela no hospital em Grenada pensando que ela tinha algum tipo de parasita. Tudo ia bem até que acabamos com ela sendo internada e mais de 10 médicos entrando e saindo do quarto. Começamos a nos preocupar. Depois de 3 dias sem respostas eles a diagnosticaram com Tumor de Wilm’s. No segundo que ouvi isso, e a palavra “massa” eu estava gritando internamente, coração acelerado, suando frio e pensando: “é um pesadelo, acorde!!”. Mas não era um pesadelo, era nossa vida realmente desabando e se tornando um pesadelo.
O hospital em Grenada, no caribe não tinha um time de oncologistas pediátricos e nem tratamento para ela. Eles teriam que submeter o caso dela para outras ilhas como Jamaica, Martinica e Trinidade e Tobago. Este processo todo levaria duas semanas no mínimo. Nós não tínhamos duas semanas. O tumor dela já estava grande e visível externamente. Nós tentamos achar soluções que comportassem a ideia de tratá-la e nos manter a bordo (afinal este é nosso estilo de vida, certo?). Todas opções pareciam obscuras e inseguras. Foi então que entendemos que tínhamos que desistir de tudo para salvar nossa filha. Quarenta e oito horas depois nós estávamos deixando o Caribe e entrando em um avião vindo para o Brasil. Os ventos mudaram para nós. O sonho está à venda e as velas, bem as velas estão recolhidas por agora.
Também queríamos agradecer a todos nossos amigos que nos ajudaram muito com tudo e principalmente fazendo deste momento “triste- feliz”.